Estou escrevendo este artigo nos EUA.
Basta olhar para fora da janela para ver pelo menos 30 anos de atraso para o Brasil.
Nosso problema está desde a nossa fundação.
Muitos dizem que é culpa dos Portugueses, outros do “jeitinho Brasileiro”.
Mas eu diria que o nosso problema é cultural, e o centro do problema está na falta de planejamento.
Nos países de primeiro mundo se pensa muito antes de fazer qualquer mudança.
Mas quando ela ocorre ela é perene.
Assistimos hoje na TV os discursos dos senadores no impeachment da presidente Dilma.
Em nenhum momento nos discursos se falou sobre um plano.
Não assisti aos discursos, mas acredito que nem seja necessário.
Pois é assim no Brasil.
Se faz alguma coisa, depois se pensa como vai se ajustar.
É assim no dia a dia, é assim no carnaval, é assim na festa de aniversário.
É cultural.
Não temos em nosso DNA o “plug” do planejamento.
No novo governo que está entrando, com todo o apoio do mundo corporativo, pois basta ver os indicadores econômicos, vai se perder uma chance de ouro de se realizar nos Brasil mudanças estruturais.
Vamos listar quais mudanças são necessárias:
(1) Mudar a relação de trabalho
No Brasil o governo trata o trabalhador como um incompetente, que não é capaz de negociar o passagem de ônibus, sua alimentação ou sua aposentadoria.
E para esse gerenciamento leva 1/3 de tudo o que ele ganha.
Em todos os países civilizados a relação empresa-trabalhador é aberta.
Se faz por meio de negociação e contratos.
Não estou dizendo que não sejam necessárias agências reguladoras, mas simplificar esse emaranhado de leis que ninguém entende e que gera um custo enorme para as empresas para entender e aplicar.
(2) Mudar a relação governo-tributos
Bastaria uma única alíquota aplicada na diferença entre o que se recebe de um fornecedor e ao que se agrega de valor, no mundo esse método é conhecido como VAT.
O VAT é uma sigla de Value Added Tax – imposto introduzido na Grã-Bretanha em 1973, o último da cadeia é o cliente que pagaria a sua participação no todo.
Hoje o ICMS é um imposto injusto que cobra qualquer movimentação do produto, gerando ou não valor agregado para o próprio produto ou serviço.
Falta bom senso para identificar o que deveria ser taxado e o que não deveria, no mundo o que faz bem para a sociedade são chamados de zero-rated, ou seja não são taxados ou seu imposto é reduzido.
Os livros, por exemplo, estão isentos desse imposto na maioria dos países chamados “primeiro mundo”.
No Brasil basta ir na livraria para ver quanto custo um livro.
(3) Reduzir o tamanho do governo
Está provado no mundo que quando o governo sai de atividades que não lhe dizem respeito, o país cresce.
A iniciativa privada tem toda a capacidade de assumir responsabilidades de atividades que o governo Brasileiro se diz responsável.
Mesmo em Saúde, Educação e Segurança a iniciativa privada é melhor.
O governo deveria se ater a questões legislativas e entrar no circuito quando as regras não estivessem sendo cumpridas.
O CADE por exemplo, é uma das ferramentas mais importantes do governo, e deveria receber recursos para cumprir bem o seu papel.
Somente com essas três ações recuperaríamos 20 anos de atraso em um período muito curto de tempo.
Mas basta ver os discursos no congresso e no senado para identificar que estamos muito longe disso.
O novo governo que está assumindo o Brasil não tem um plano e por conseguinte um planejamento do que fazer.
Com a saída da presidente Dilma reduzimos a possibilidade de se fazer mais besteiras por “minuto quadrado”, mas ainda vemos mais do mesmo sem planejamento e sem perspectivas que o Brasil realmente vai mudar.